Muqui

Um fascinante sítio histórico

Escolhi conhecer Muqui de forma aleatória, e confesso que fiquei encantada com os casarões da cidade, me surpreendi bastante com tudo que a cidade tem a oferecer. Uma cidade que possui história por todos os lados e que esbanja beleza em suas casas da década de 20 e 50, assim é Muqui, um nome indígena que significa “entre morros”, devido a sua posição geográfica estar rodeado por montanhas e muita vegetação.

Outras lendas da origem do nome

O Dicionário dos Botocudos diz que havia grupos que habitavam os arredores, notando dois vocábulos indígenas que chamam a atenção: Mukijep, que quer dizer “subir, escalar” e Mukijap, “ir rápido”, levando-nos a crer em mais esta possível origem do nome Muqui, já que “Muki” trata-se de um fonema idêntico. Muqui talvez seja a forma encurtada de Mukijep ou de Mukijap, remetendo-nos à hipótese de que estaria designando “rio de águas rápidas”, ou “rio que atravessa altos morros a serem escalados”, ambas possibilidades confirmadas geograficamente, neste último caso o nome designado à região, passando depois ao rio.

 

Outros dizem que na região havia um carrapatinho (ou ácaro-vermelho) chamado “mum kui ou njukuim”, que se refere ao carrapatinho que pica, provocando odor forte e muita coceira, encontrado em plantas aquáticas de açudes, palavra que de Mucuim teria passado para Mucuí e finalmente Muqui.

Região dos vales e dos cafés

O município, situado na região dos Vales e dos Cafés, está a 180 km de distância da capital, Vitória, e ficou conhecido pelos casarios construídos no começo do século 20.

 

Situado ao sul do Espírito Santo, o clima de cidade interiorana também se faz presente na arquitetura antiga e sofisticada. Andar pelas ruas da cidade é viajar no tempo, é se deparar com casarões, sobrados e palacetes, construídos nas décadas de 20 e de 30.

 

A história de Muqui começa em 1850, com a chegada de imigrantes do Vale do Paraíba que procuravam terras para plantar café, e devido a essa especiaria viveu um período de muita riqueza, considerados os anos “áureos”, nas décadas de 1920 e 1930 onde construíram-se casarões, sobrados e palacetes, compondo uma arquitetura requintada.

Sítio histórico de Muqui é o maior já tombado no Espírito Santo, são 200 patrimônios, cerca de 60% do conjunto arquitetônico, entre eles a belíssima Igreja São João Batista, um dos principais pontos turísticos a serem visitados no município. 

 

A igreja, que leva o nome do padroeiro da cidade, carrega pinturas do artista italiano Giuseppe Irlandini, feitas na década de 1940. Também possui vitrais fabricados em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de detalhes em bronze, o altar e a mesa são de mármore carrara, doados para a igreja. Em 1936, graças ao padre Pedro, a igreja ganhou traços do estilo bizantino na fase de construção do novo templo, que demorou 25 anos para ficar pronta.

Apresentando um fantástico Patrimônio Natural, Muqui conta também com um roteiro de Agroturismo e Ecoturismo, através do Roteiro da Morubia, que começa na Serra da Morubia e termina na localidade do Sumidouro, local onde iniciou-se a comunidade de Muqui. Neste trajeto dá para conhecer a imponência de fazendas centenárias, sítios e propriedades rurais onde as famílias vivem da agroindústria e do artesanato, oferecendo saborosos produtos alimentícios e um primoroso artesanato confeccionado pelas mãos habilidosas dos artesãos. Este roteiro também oferece opções de hospedagem nas fazendas, em sistema de Cama e Café.

Outro ponto que merece destaque é o Jardim Municipal, está num terreno de 1972 m2, doado pelo Bispo Benedito Paulo Alves de Souza. Em 1914, o local tinha apenas uma vegetação ampla, com diversidade de plantas e de árvores. Em 1919 o jardim foi arborizado e tem características dos jardins franceses, com formas geométricas, no estilo “Versailles”.

Também não podem ficar de fora a antiga Estação Ferroviária e a Praça São João Batista

Com 150 anos de história, a Fazenda Santa Rita com arquitetura preservada é o casarão mais antigo de Muqui. Já imaginou se hospedar neste local cheio de histórias? Pois é, foi onde eu escolhi ficar e fiquei apaixonada por tudo que vi neste espaço: trilhas ecológicas, piscinas naturais, passeio de charrete, quadra de futebol, almoço na fazenda com direito a comida deliciosa feita no fogão à lenha…

… e ainda se transportar ao passado com a galeria de arte que fica dentro da casa principal, fotos, objetos, utensílios e móveis da época em que foi construída ainda estão no local em perfeito estado.

Na Fazenda dos Andes, com mais de mais de 100 anos de existência, é possível se hospedar no casarão que preserva os objetos, móveis, utensílios, fotografias e quadros que eram utilizados no dia-a-dia das famílias daquela época.

O que não falta são Palacetes para conhecer em Muqui: Palacete Bighi, Palacete Rambalducci, Casa Dr. Dirceu Cardoso, Centro Cultural Wolfango Ferreira, Casa Ana Fraga, Casa Poty Formel, Casa Jorge Nunes Acha, Parque de Lavadeiras Dona Minervina, Conservatório de Música Dona Senhora e Galeria de Arte Manoel Monteiro Lobato.

Outros pontos turísticos que podem ser visitados: Cineclube, Gruta da Santinha, Serra da Aliança, Morro do Cruzeiro, Poços da Candura e Mata do Malab.

Esta pequena e encantadora cidade que se desdobra em natureza, cultura e história, é o cenário perfeito para quem quer descansar, desfrutar do patrimônio natural, vivenciar a simplicidade e alegria da roça e participar de uma maravilhosa viagem ao passado. A histórica Muqui recebe seus visitantes com alegria e aconchego. Muqui, Espírito Santo. Você vai se encantar com este lugar!

 

E assim, foi minha passagem pelo município de Muqui… Fica aqui a minha sugestão. Prontos para a próxima viagem? Continuem acompanhando a coluna e o programa DAQUIPRALI na Rede TV! E quero a participação de vocês através do Instagram @daquipraliviagem. Me conta se você conhece a região e o que você achou da cidade. Até a próxima!

 

FOTOS: DAQUIPRALI, GOVERNO DO ESTADO DO ES E PREFEITURA DE MUQUI

Geylla Sall

MUQUI

"MUQUIense"

Situado ao sul do Espírito Santo, à beira do Rio Muqui, afluente do Rio Itapemirim, a 239m acima do nível do mar, o município é rodeado por lindas montanhas de pedra, ricas em granito, e por farta vegetação. Seu rico casario eclético é da década de 1920, época de glória dos senhores do café, hoje patrimônio histórico finamente preservado com 200 casarões tombados. Muqui constitui cerca de 60% do conjunto arquitetônico tombado pelo Estado.

 

Há algumas versões para a origem do nome Muqui, algumas lendas que os moradores ouviram dos antepassados e outras traduções étnicas da palavra. É importante registrar que muitas das vezes os documentos a respeito de nomes, tanto de pessoas como de localidades, eram escritos por pessoas não letradas, ou seja, exploradores, soldados, posseiros, entre outros, que registravam o que viam sem a preocupação de manter uma caligrafia e ortografia correta, ainda mais se tratando de palavras indígenas, de difícil pronúncia e escrita.

 

Existe a informação da existência de um quilombo nas cabeceiras do Rio Moquim que deságua no Itabapoana em Campos dos Goitacazes, RJ, considerando-se que Muqui faz parte da Bacia do Rio Itabapoana, consequentemente Gaspar estaria se referindo ao Rio Muqui, confirmando a derivação da palavra Moquim para Muquim e depois Muqui, além de informar, garantindo a existência de um quilombo nas proximidades do Rio Muqui, que tem duas cabeceiras, levando-nos a crer que a região estava mesmo sendo colonizada antes de 1848, como explicado adiante.

 

No campo da colonização do território capixaba, a trajetória histórica remonta de 1535, com a chegada dos portugueses, período de estabelecimento do sistema de capitanias hereditárias, com a finalidade de ocupação político-territorial e gestão econômica das terras brasileiras pela Coroa Portuguesa até o início do séc. XVIII.

 

Os limites da capitania do Espírito Santo foram definidos pela carta-régia de 1534, redigida pelo Rei D. João III, ao seu fidalgo, capitão e governador Vasco Fernandes de Coutinho, sendo o Rio Mucuri o limite ao norte, na Serra do Caparaó, e o Rio Itabapoana ao sul do ES. As terras mineiras onde se encontra a Serra de Caparaó pertenciam inicialmente à capitania do ES. Vasco, donatário a quem coube a capitania, chegou em 1535 e fundou a primeira povoação no dia da Festa do Espírito Santo, o que deu origem ao nome.

 

 

Porém, a situação começou a se agravar motivada pelos frequentes ataques de índios, prejudicando os engenhos, os algodoais, paralisando o comércio direto entre Vitória, Portugal e Angola, o que levou a capitania à penúria.

 

 

Em se tratando do Espírito Santo, encontravam-se na faixa costeira e em parte dos vales os índios do grupo linguístico tupi-guarani, os tupiniquins os tupinambás, e pelos Vales do Rio Doce, os do grupo Jê, genericamente, os Botocudos ou Aymorés. A resistência e hostilidade destes grupos foram motivos de atraso no avanço da colonização e consequente sustentação econômica da Capitania.

 

Com a relativa decadência da cultura açucareira e o descobrimento de ouro no sertão da colônia, a Coroa Portuguesa, tendo o controle da Capitania por falta de governantes locais hábeis, estabeleceu ordens para que não fossem abertos caminhos e estradas pelo interior da Capitania em direção às Gerais. A província do Estado do Espírito Santo encontrava-se praticamente isolada por causa do bloqueio marítimo imposto pelo reinado de D. João VI.

 

 

Manter-se-ia assim o isolamento do Estado, a fim de que não servisse de passagem ao contrabando de pedras preciosas e ouro das gerais, ouro abundante em vários rios, como o Rio das Velhas e o Rio das Mortes. A preocupação da Coroa se daria pelo motivo de que os produtos escoados realizavam-se “sem pagamento de direitos” e, portanto, achou-se conveniente instalar “uma agência” para fiscalizar e cobrar os devidos impostos. Com isso, as terras capixabas mantiveram por mais tempo suas matas virgens intactas, totalmente preservadas, além de parecerem ótimas para a nova lavoura de café que despontava em algumas províncias.

 

 

Na metade do século XVIII a capitania passou a ser encarada apenas como “defesa militar” pelo reaparelhamento de muitas fortalezas e fortes, inicialmente em Vitória, com intuito de proteger a capitania. Também foram criados quartéis próximos ao Itapemirim e o litoral. As expedições começavam a se deslocar matas adentro, procurando terras para ocupar, explorar e viver. Ao longo dos tempos, houve uma real participação indígena na colonização do território capixaba, resultante da contribuição jesuítica na catequese dos silvícolas. A situação se agravou com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal. O fulminante ataque dos Puris em 1771 fez os mineradores da região da Serra do Castelo a se refugiarem no baixo Itapemirim.

 

 

Em 1790, durante o governo do capitão-mor Inácio João Monjardim, a ligação marítima com o RJ e a BA revigorou a economia da capitania. Incentivou-se a cultura do linho e do cânhamo, além de exportar sacas e tecidos de algodão, madeira e os produtos tradicionais, como açúcar, milho e arroz, importavam sal, vinho, azeite, linhos e sedas. Sob administração de governantes capazes, estradas começaram a ser abertas, a população cresceu mediante os incentivos à colonização, ao comércio e à navegação entre capitais e a Europa.

 

 

Por essa dilatação do território pela costa, por volta do ano de 1620, formou-se Muribeca, grande fazenda jesuítica, montada na Planície de Muribeca, um aldeamento de índios próximo às primeiras cachoeiras do rio Itabapoana para catequização dos Puris e Botocudos. Os índios tupis eram poucos, vindos da Aldeia de Reriritiba (atual cidade de Anchieta/ES) para ocuparem o novo agrupamento, que sobreviveu precariamente por duzentos anos, chegando mesmo a sofrer alguns ataques dos Goitacases.

 

Fonte: Secretaria de Estado do Turismo – SETUR/ES 

SUGESTÃO DE VÍDEO

MAPA DO ES

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